sábado, 27 de dezembro de 2008

Blem Blem Blem ... é Natal...

Quando menos se espera é Natal. 

Natal quer dizer muitas coisas: 

Que Cristo Nasceu;
Paz e Amor entre os homens;
Que é momento de presentear;
Que é melhor dar que receber;
Que o ano mal começou e já terminou!

Isso mesmo...

Quando tiramos todas as frases feitas, vemos apenas o tempo... tempo de repensar o novo ano e pensar que um ano foi pequeno pra o quanto se produziu... 

Enfim..

Já Brindamos o Natal e que venham os próximos com papais noeis azuis, verdes.. ops.. Mas não era vermelha a roupa do Bom Velhinho??? 

O que um ano não faz com as coisas! ... até o Papai Noel muda de cor ao sabor do político de plantão.

O fato é que o político muda, mas o Papai Noel está sempre de volta, não importa a cor que assuma... Será que algum dia ficará Verde e Rosa???

Assim se passam los dias.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O que seria da vida se não fossem as memórias?

Há dias estou pensando e repensando, revendo às páginas da minha história com os livros. Este exercício me fez perceber a enorme lacuna que existe na minha vida de leitora, pois há livros imprescindíveis que ainda não tive como acariciá-los, ou melhor, não tive o prazer de percorrer por suas ruas e becos. Na profissão que escolhi, a leitura é fundamental e como amo ler e adoro lecionar, transformo tudo isso num prazer a parte. Sinto apenas falta dos livros que ainda não li, mas que em breve lerei.


Evocar as lembranças é essencial, pois só conseguimos arquivar lembranças de situações que foram vividas intensamente. E é assim que me sinto ao recordar os meus primeiros passos no mundo das palavras. Era muito pequenina quando minha mãe contava histórias da bíblia, de forma tão fantástica, que me transportava no tempo e no espaço, sentia-me percorrendo as ruas daquelas cidades, pisando nas pegadas daquelas personagens.


Não me lembro das histórias que contavam nos meus primeiros anos de escola, talvez por que não contassem mesmo, ou porque o único livro devíamos ler era a Cartilha Caminho Suave, adotado pela escola. Mas, minha tia, muito ligada em leitura, presenteava-nos, constantemente com livros e discos de histórias, lembro-me de várias histórias fantásticas: Alice no País das Maravilhas, Os Cisnes Selvagens, Pele de Asno, entre outras.


Algumas histórias eram proibidas em minha casa, o programa de rádio Histórias que o Povo Conta, era um dessas narrativas proibidas, pois o locutor, com uma voz cavernosa, narrava contos de terror, superstição e suspense, mas eu e meus irmãos ouvíamos às escondidas. Algumas dessas histórias ficaram marcadas para sempre. Talvez por isso, eu lia muito Stephen King, na minha adolescência. A sensação de ler algo proibido e que causava medo e terror era inexplicável. Somente depois de adulta, descobri o motivo da proibição: minha mãe sofrera muito na infância, pois os adultos utilizavam essas histórias de terror para dominar a mente das crianças e isso fez com ela tomasse a decisão de não criar os filhos sob a premissa do medo, daí ela abominava essas histórias.


Outra grande influência de leitura na minha vida foi a convivência com o meu pai, que lia histórias todas as tardes, além disso, ele era mais que um contador de histórias nato, era um criador de histórias a causos. O filme que sempre me lembra meu pai é Peixe Grande, com todo o universo fantástico presente nas histórias engendradas pelo personagem.


Na escola, das minhas séries iniciais, tinha uma biblioteca e, já na quarta série, pegava alguns livros, apesar de não me lembro de incentivo das professoras, gostava de ler e meu irmão mais velho lia sem parar, eu seguia-lhe os passos.


Fui me consolidar como leitora de fato, no ano que reprovei a sexta série, do Ensino Fundamental, a escola tinha uma biblioteca imensa, era uma escola de Ensino Médio, e lá me fartava de ler, nos horários das aulas desinteressantes. Foi a essa época que devorei toda a coleção vaga-lume e suas várias histórias, lia em média dois livros por semana. Quando terminei os livros infanto-juvenis, iniciei a leitura de outros mais densos, foi aí que conheci Macunaíma, A Hora da Estrela, A Mão e Luva, O Alienista, e tantos outros que não conseguia compreender muito bem, mas lia assim mesmo. Talvez tenha nascido aí a minha aversão por Iracema e suas imensas descrições, as quais somente fui compreender no Ensino Superior.


Minha experiência mais marcantes com os livros foi no Ensino Médio, cursava Escola Normal e tive excelentes professores em todas as áreas, mas nunca hei de me esquecer dos meus professores de Língua Portuguesa Orivaldo Melo e Fernando Moura, pois eles abriram as portas para vôos mais altos, foi lá que conheci Albert Camus com o Estrangeiro, ouvir falar pela primeira vez em Balzac, de forma tão fantástica que sentia vontade de ler-lhe as obras, João Guimarães Rosa foi aí, que relendo Clarice Lispector e Mário de Andrade, pude perceber a grandiosidade dessas obras.


Daí, para escolher o curso de Letras foi só um pequeno passo. E já no ensino superior sinto-me tentada a destacar a professora Eva, pois foi ela quem me incutiu o amor por poesias, até então era encantada com a prosa, mas não tinha muita aproximação com lírico, pois achava tudo muito meloso. Quando a professora de Teoria Literária apresentou, na segunda aula, o texto A Mulher e a Casa de João Cabral, percebi que daquele dia em diante minha relação com a poesia se tornaria bem mais próxima.


Outra pessoa chave na minha vida de leitora foi a professora Lívila, ela falava com tanta paixão de cada texto literário que apresentava em sala, que não pude deixar de comprar, por exemplo, toda a coleção de Machado de Assis, pois não bastava ler, era preciso ter sempre a mão. Além disso, comecei a entender melhor Clarice Lispector e passei a amá-la ainda mais.


O mestrado me fez ler ainda mais, esse momento foi fundamental para me colocar frente a frente com as obras que não conhecia ou que não tinha coragem de encarar, como Ana Karenina de Tolstoi ou Irmãos Karamazov e Crime e Castigo de Dostoievski, toda a mitologia Greco-Romana, mitologias de outros povos, a literatura fantástica e várias outras obras que, a partir daí, comecei a escarafunchar.


Este curso tem apenas reforçado a necessidade da leitura constante, além do domínio das teorias, saber dedicar-se a um bom livro literário é de capital importância, pois como diz Edgar Morin em sua obra Os sete Saberes Indispensáveis à Educação do Futuro, somente teremos acesso à compreensão humana a partir da leitura do texto literário, pois é lá que se encontram projetadas as grandes lutas existenciais dos seres humanos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda

A obra Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda é um texto que trata da formação cultural do povo brasileiro. Inicia-se com uma exposição da formação do povo da península ibérica, apresentando aspectos culturais que são importantes para a percepção da identidade de nosso colonizador. Segundo o autor, o povo português se difere do povo espanhol por ser este ladrilhador e aquele semeador, ou seja, enquanto um planeja o seu espaço, o outro apenas o ocupa à revelia, pois o interesse aventureiro acaba por fazer do improviso a marca mais forte da colonização portuguesa. Ao traçar o perfil do povo português em contraposição ao povo espanhol, já delimita elementos formadores de nossa cultura e nossa língua. É importante trabalhar esses aspectos como base de formação do estudante de língua portuguesa, pois a consciência de identidade é fundamental para a ação cidadã, aquela que valoriza o homem não como o indivíduo dissociado, mas como sujeito com todas as características a ele inerentes. Destarte, entender os fundamentos da educação, economia e percepções lingüísticas desde a formação do nosso país é um fato que deve ser relevante nas discussões das aulas de língua portuguesa. A obra apresenta um panorama histórico desde antes da chegada dos portugueses no Brasil e coloca em grande relevo o papel dos alentejanos na formação da identidade nacional, chega a afirmar que os desbravadores de outros países europeus, como foi o caso dos holandeses, pouca influência tiveram na formação cultural do brasileiro, essa análise nos levou a pensar a fusão cultural ocorrida no Brasil com três elementos apenas: o branco como sinônimo dos portugueses; o índio, sem levar em conta a grande variedade de tribos e culturas aqui existentes; o negro, desprezando sua cultura de base. Apesar dessa exposição, sabermos que houve mais influências que essas, ate porque, houve uma série de influências culturais de outros povos, como é caso do sul do Brasil que tem uma formação cultural mais próxima dos emigrantes de outros países da Europa. Sérgio Buarque aponta vários traços marcantes da nossa cultura e apresenta as raízes desses comportamentos: o processo de construção de nossas cidades e a demora em povoar o interior do país, como característica de um colonizador que não tinha intenção de ampliar os limites de seu país, em decorrência da concepção de que as terras descobertas eram apenas um espaço a ser explorado; a idéia de que o trabalho manual tem menor prestígio, gerando uma sociedade, na qual a elite é composta por ociosos, que exploram a mão-de-obra dos menos favorecidos, sem valorizar adequadamente os serviços prestados; a demora em instalar universidades, ao contrário dos espanhóis em suas colônias, gerou no Brasil uma intelectualidade superficial e elitista; a economia a base dos grandes latifúndios, gerou uma cultura familiar, e uma mistura entre família e estado, o que vai favorecer o que, na obra, é denominado homem cordial, o qual tende mais para a acomodação e busca encontrar sempre uma forma de concordar, mesmo que os pensamentos sejam conflitantes, esta concepção deriva da idéia de que obediência é concordância plena e indiscutível, fato que favorece o estabelecimento das ditaduras. Outro aspecto ligado à cordialidade é a intimidade excessiva e falta de formalidade, fato comprovador é o uso de palavras no diminutivo, e a queda dos pronomes pessoais “Tu” e “Vós”, amplamente substituídos pelo pronome de tratamento “Você(s)”. Outro aspecto a ser destacado na obra é a formação da língua geral. Com a interiorização dos paulistas em busca de riquezas no interior da Colônia, houve um desligamento destes dos povos litorâneos, iniciando a formação de uma língua, que é uma mistura dos falares indígenas, espanhol e português, a qual será conhecida como língua geral paulista. Com a chegada de D. João com toda a sua corte, a percepção de que um novo idioma estava se formando, tornou-se mais forte. Daí, a necessidade de “unificação” da língua portuguesa a partir da imposição, fato que gerou inúmeros genocídios Brasil afora e criou a lenda de uma língua estática. Há um viés crítico na obra que apresenta vários problemas na formação da personalidade do brasileiro, assim como na identidade nacional, que, segundo o autor, foi forjada a partir da concepção da cordialidade e da improvisação, a partir do espírito aventureiro em contraposição ao espírito trabalhador. Fato esse que nutre, ainda hoje, condutas de favoritismo e pessoalidade nas relações de poder. De acordo com Sergio Buarque, somente haverá libertação e uma nova identidade nacional quando houver uma revolução de costumes e de concepções.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Variação e Mudança

A lingua é comparável aos seres vivos: nasce, se desenvolve, se reproduz e morre. Será tão louca essa afirmação?

Vamos olhar de perto o caso da Língua Portuguesa, tão usada pelos nossos falantes, dos mais exluídos socialmente aos mais cultuados escritores como Camões, Carlos Durmmond, Clarice Lispector ( só pra manter o paralelismo do C).

Conhecemos a Língua Portuguesa desde pequeninos, quando começamos a balbuciar as nossas primeiras palavras e nem sequer nos damos conta de que um dia essa língua sequer existiu.

Antes de existir a Língua Portuguesa, o Latim, língua chamada mãe de vários outros idiomas, já esxistia e foi espalhada pelos romanos em grande parte da Europa. Apesar de saber que essa foi uma lingua importante, não temos notícia do seu nascimento, já o conhecemos como uma língua formada e muito usada, por um grupo muito grande de pessoas, o que favoreceu a mudança e a multiplicação do idioma em vários outros(Castelhano, Francês, Romeno, Galego, Portugês, entre outros).

O Latim foi imposto como língua oficial pelos romanos, mas com o uso e as mudanças tão naturais que ocorrem com as línguas, ele foi absorvendo influências de outras línguas já existentes e foi assumindo novas formas na boca dos falantes, o que fez nascer novas línguas.

Em Portugual, houve uma transição do Latim para o Português, e como nessa época já havia registros, percebemos uma oscilação na forma de grafar várias palavras. Essa forma foi se consolidando a medida em que assimilava influências das várias línguas dos vários povos que passaram pela Peninsula Hibérica.

Assim como em Portgual, no Brasil a língua Portuguesa se misturou a várias outras línguas, não havendo como fugir das interinfluências de uma língua sobre outra. Até porque quando os portugueses aqui chegaram, econtraram uma série de tribos indígenas, com suas culturas já estabelecidas, bem como as suas linguas estruturadas.

Houve uma imposição de uso da Língua dos dominadores, o que fez com que a língua portuguesa que aqui se estabeleceu, acabou assimilando várias influências de linguas que hoje não existem mais. E como língua é poder, criou no Brasil a crença de que existe uma língua perfeita, que a maioria das pessoas não sabem usar, e por isso não sabemos português.

Mas o fato é que a Língua Portuguesa, que foi imposta aos demais falantes existentes no Brasil e aos vários outros que aqui chegaram, sofreu várias modificações que naturalmente ocorrem com o uso da língua. Daí que temos hoje duas línguas paralelas: O Portugês Padrão, ensinado na escola; e o Português Brasileiro, utilizado por todos.

Por esse motivo a escola ensina uma língua que não está internalizada pelos falantes de forma atrificial, o que geral uma série de conflitos de uso e uma insegurança imensa. Devemos encontrar um método de ensino que valorize a competência do falante, e qeu, como diz Pedro Celso Luft, trabalhe com a gramática internalizada, ampliando o conhecemento da lingua e das possibildiades de uso.

sábado, 23 de agosto de 2008

Variações Linguísticas

Há algum tempo estamos discutindo o processo de variação de uma língua, isto é, a forma como a estrutura da língua vai assimilando novos usos. E isso tem me deixado inquieta, pois se a língua muda de forma tão acentuada, o que fazer para ensinar a língua portuguesa padrão com suas peculiaridades gramaticais e conviver com as mudanças.Estamos diante de um impasse complexo: Alguns pensam em não corrigir a fala, outros acreditam que é fundamental corrigi-la, adequando-a à gramática normativa. E, como diria Pessoa, "assim nas calhas da roda, gira a entreter a razão" de forma que um número cada vez maior de seguidores das nomenclaturas e da gramática tradiconal, levantam bandeiras para julgar a fala das pessoas, nas ruas, nas escolas, nos hospitais, por toda parte, mesmo aquelas pessoas que nada tem a ver com a área de estudo da língua, julgam as pessoas capazes ou incapazes pelo uso que fazem da língua.  Mas, o único fato é que a língua é do falante e sem ele não existiria. Esse argumento se comprova a medida que avaliamos o Latim, por exemplo, que é uma língua com estrutura gramatical definida e bem descrita, mas sem falantes e por isso mesmo é uma excelentíssima Língua Morta. Isso prova que a vida da língua está intimamente ligada ao falante. Se a Lígua é do falante, como é que queremos enquadrá-la numa estrutura rígida e inflexível? 

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Caminhos e Descaminhos: uma relfexão sobre o fazer pedagógico

Sempre pensei sobre o meu processo de formação e sobre o prazer que sinto em trabalhar a educação, mas esse curso veio fortalecer essas inquietações que vivem dentro do meu ser. Pensar sobre o que é ser educador e como são os caminhos que percorro para a construção do meu fazer cotidiano leva-me a trajetos impensados...Desde o início desse curso sabia que seria avaliada pela produção de um blog. Agi maquinalmente, se esse é o instrumento avaliativo, vamos a ele. Até então tinha tentado fazer um blog, mas sem muito sucesso. O fato de não escrever diariamente fazia-me hesitar. Mas, como esse era o instrumento avaliativo, repito, passei a construção, da mesma forma como faria qualquer atividade que fosse proposta. Qual não foi a minha surpresa, quando o professor Dioney entra na sala e diz: “Só vou entrar nos blogs para os quais for convidado. Se quiserem ter minha presença e julgarem importantes os meus comentários, que façam o convite formal.”Minha primeira reação foi rir, achei aquilo muito engraçado, pois como o professor pede um instrumento avaliativo e só vai avaliar caso eu o convide? COMO???Esse como me levou mais uma vez aos caminhos e descaminhos do processo avaliativo, sempre tão presentes na prática pedagógica. Passei a ver as possibilidades de avaliação por um outro prisma. Até então, por mais formativo que fosse o processo, sempre pensei meios de estimular e até mesmo ‘coagir’ o aluno a produzir. Quando digo coagir, refiro-me às peripécias criativas com que amarro sempre todo o semestre ou bimestre letivo, levando o aluno a produzir, às vezes contra a sua própria crença em sua capacidade de produção de algo novo.Alguns questionamentos nasceram, até porque essa idéia ficou colada na minha cabeça, o que de imediato soou como inusitado, foi se consolidando e se materializando como um ideal a ser alcançado: alunos produzindo por vontade de ver nascer o novo; pessoas que apresentam seus trabalhos não como uma coisa pra ser lida apenas pelo professor. Isso implicará numa revolução no formato de escola que estamos acostumados a freqüentar, seja como aluno, ou como professor. A escola como está construída, com os seus paradigmas avaliativos, inclusive, engessa o processo de produção do conhecimento. E é por pensar nisso que levanto alguns questionamentos: Se estudamos para construção de conhecimento, por que fechamos o ciclo no professor que recebe a informação por nós registrada numa prova ou num seminário e não vamos além? Será que as coisas não caminhariam melhor caso nós nos sentíssemos tão à vontade com os nossos mestres que estivéssemos dispostos a dialogar com eles sobre os conhecimentos que produzimos? Afinal, para que estamos na escola e com que finalidade se constrói diálogos sobre tantas questões, sejam elas históricas, sociais, artísticas, exatas ou políticas?Pensamos projetos pedagógicos para discutir o papel social da literatura, o papel social da matemática, o papel social de tantas coisas, mas não pensamos qual o nosso próprio papel social  e como exercemos isso em nosso profissão.

domingo, 10 de agosto de 2008

O que é Gênero Textual e O que é Tipo Textual???

Os alunos sempre fazem confusão entre gêneros e tipo.

Ops... afirmação incompleta! Nós ainda fazemos muita confusão. Estamos certos de que só existem os gêneros textuais do Domínio Discursivo Literário e, dessa forma, embolamos todo o meio de campo na hora de trabalharmos os gêneros.

Para que essa confusão seja desfeita, precisamos saber três coisas:

1 - Tipo Textual: é um construto linguístico, serve para a expressão da intenção discursiva e por isso sua ocorrência é limitada a 5 tipos: Argumetação, injunção, exposição, narração e descrição.

2 - Gênero Textual: é uma realização social, histórica e cultural, serve para realizar discursos dentro de uma forma estável, mas não definitiva, circula socialmente e determina a formatação do texto. São ilimitados, pois a medida que a sociedade necessita, novos gêneros são criados. Os gêneros aparecem na formatação oral ou escrita. Ex.: aula expositiva, blog, crônica, artigo de opinião, carta pessoal, e-mail, palestra, seminário entrevista, e por aí vai...

3 - Dominío Discursivo: Há sempre uma relação de linguagem e poder impressa nesses dominios, estabelce uma contextualização entre o emissor e o receptor. Ex.: Dominio Jurídico, Dominio Acadêmico, Domínio Familiar, Dominio Virtual, Domínio Literário, entre tantos outros

A partir dessas três designações, podemos fazer uma classificação tipológica das mais variadas ocorrencias discursivas:

Ex.:

Dominio Discurivo Literário
Gênero: narrativa de ficcão - Subgêneros - conto, crônica, Romance, piada, novela
Tipos textuais mais recorrentes: narração, exposição e descrição.


Dominio Disucursivo Jornalistico
Gênero: artigo de opinião, ensaio, entrevista
Tipos textuais mais recorrentes: narração, exposição, argumentação e descrição


Se fizermos uma enorme lista, perceberemos que os tipos não mudam, eles são fixos e podem estar combinados entre si dentro de um mesmo texto. Da mesma forma os gêneros podem interagir na construção discursiva de forma ocorra a intergenericidade.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Tipos e Gêneros Textuais

A evolução da organização social, desde o Renascimento até a Era Tecnológica, deve-se em muito ao desenvolvimento das técnicas de leitura e escrita. A partir do domínio da escrita, por partes mais significativas da sociedade, abriu-se caminho para a produção de novas formas de expor conhecimentos e informações.
Na medida em que as técnicas de leitura e escrita passaram a ter espaço de maior privilégio, as produções tornaram-se mais específicas e organizadas. Assim, os tipos textuais – descrição, narração, dissertação, injunção e exposição – são transpostos, paulatinamente, da oralidade para escrita.
Os discursos que se entrecruzam na oralidade assumem formas específicas quando aparecem transcritos, essas formas são denominadas gêneros. Estes se delineiam em estruturas minimamente fixadas, apesar de não serem estáveis do ponto de vista histórico. Desta forma, podemos nos deparar com um gênero escrito no século XVI apresentando uma formatação diferente da forma como se apresenta no século XXI. Podemos citar como exemplo as receitas, os contos, a poesia, o texto jornalístico, o artigo jornalístico que é diferente do artigo científico, entre tantas outras possibilidades.
Como tudo é discurso, há sempre a junção de tipos diversos em um mesmo gênero e, outras vezes, traços de vários gêneros em um mesmo texto, assim, não raro acontece a interação de gêneros e tipos, o que Marcuschi chama de intergenericidade.

domingo, 8 de junho de 2008

Ensinar Língua Portuguesa ou Gramática?

Tamar Rabelo de Castro
“Confunde-se estudar língua com estudar gramática. Confunde-se expressão escrita com “fazer redação” (para o professor corrigir, e não para o aluno criar livremente, crescendo em linguagem à medida em que e na medida em que cria).” (LUFT, 2006, p.21)
A constatação de que o baixo rendimento está diretamente ligado à habilidade de leitura, escrita e interpretação dos alunos deve levar a questionamentos da prática do ensino de língua materna. Afinal, a grade curricular está repleta de horas aula para o ensino de língua materna desde o primeiro dia que a criança ingressa no universo escolar.
Se levarmos em conta apenas os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio, o aluno faz um curso de aproximadamente 2280h/a (duas mil duzentas e oitenta horas aulas) de Língua Portuguesa e não consegue desenvolver um texto com coesão e coerência.
Fenômeno que deve ser levado em conta na hora do demonstrativo dos rendimentos. É de notório conhecimento que a estrutura da escola está baseada na capacidade de leitura e produção de conhecimentos acumulados. Conhecimentos esses que passam necessariamente pela produção de textos escritos em língua padrão.
Produção que não é trabalhada em sala de aula como deveria ser. A preocupação com o ensino das normas gramaticais, que regem a língua padrão, leva a um ensino da língua baseado na nomenclatura e no uso descontextualizado dos elementos discursivos. Daí a dificuldade em perceber a língua como um todo, repleto de ligações semânticas e sintáticas.
Muito é ensinado e pouquíssimo desse conteúdo é utilizado de forma consciente na construção do discurso escrito. Urge apresentar aos alunos que a língua é dinâmica e possui uma interligação de todos os elementos estudados na escola.Partindo do pressuposto que muito é ensinado, o baixo rendimento seria uma questão a ser superada facilmente. No entanto, as estatísticas demonstram que a cada dia mais alunos saem do Ensino Fundamental e Médio sem o domínio mínimo necessário para utilizarem a linguagem escrita de forma eficiente.
Ao analisar a crônica Gigolô das Palavras no livro Língua & Liberdade, Pedro Celso Luft (2006) faz uma exposição da priorização do ensino de gramática sem uma relação íntima com a produção das idéias em discursos constantes, até porque esse ensino equivocado gera nos jovens o receio de utilizar a linguagem escrita nas suas comunicações.

Por que os professores em geral não capcitam melhor os alunos para a comunicação oral e escrita? Porque, em vez de fazê-los trabalhar INTENSAMENTE com a sua gramática interior, fazendo frases, compondo textos, lendo e escrevendo, pretentem impor-lhes Gramática, teorias e regras. Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo. (LUFT, 2006, p. 21)

Nesta obra ele afirma que escrever bem tem muito mais a ver com uma gramática internalizada do que com uma gramática artificial, cheia de exceções e regras que contemplam arcaísmo e purismos que nada tem a ver com a gramática utilizada pelo brasileiro. Daí, percebemos que muitos usos seriam normativamente errôneos, mas são utilizados com freqüência na língua de forma que já estão incorporados na gramática interna dos falantes.

"Se a gente fala (ou escreve) para comunicar algo, o que conta é fazê-lo da forma mais clara possível. Às vezes precisa sacrificar uma correão preconceituosa em benefício da clareza. Isso explica por que o brasileira fala vi ele e lhe vi em lugar do vi-o(cp. viu) ou o vi (cp. ouvi); vi ela em viz de vi-a (cp.via)." (LUFT, 2006,p. 17)

Quando a escola é interpelada a respeito do baixo rendimento, alguns problemas são elencados como justificativa: a desestrutura familiar; falta de interesse pelos estudos; alunos semi-alfabetizados em séries mais avançadas; indisciplina; falta do hábito de leitura, entre outros.
Mas o que estamos fazendo em nossas salas de aula para superarmos esses problemas? Se voltarmos a pensar no tempo em que nossos alunos passam nas aulas de língua portuguesa, poderemos inferir que eles passam mais tempo sob nossa influência direta do que da própria família que já anda desestruturada e sem percepção dos valores que devem ser privilegiados nesse início de século.
Nossa sociedade não é mais patriarcal e não se acomodou ainda no novo modelo que está se criando. Vivemos uma crise de valores que perpassa os vários seguimentos sociais, inclusive a família e a escola. Assim, o modelo antigo já não é mais aceitável, pois não produz mais resultados. A escola hoje não é mais a escola dos alunos de família organizada, com características definidas, a pós-modernidade deu um novo colorido a esta entidade que é feita por seus integrantes, que carregam a insígnia da diversidade e da flexibilidade dos conceitos.
Não há como pensar a escola com os mesmos métodos e estratégias de tempos atrás. A nova estrutura social exige uma escola que assuma a existência das questões sociais como um problema a ser enfrentado de frente e não como uma justificativa para o insucesso. A nova escola deve incluir uma parcela da sociedade que sobrevive à desestruturação e por isso não está inserida.
Aliado a isso não há na nossa sociedade um hábito de leitura, nossos alunos de periferia estão alijados de vários processos de letramento constante, por esse motivo há uma dificuldade de se entender que aquelas estruturas estudadas de forma descontextualizadas devem ser inseridas por ele em um contexto.

Toda essa digressão tem a finalidade de refletir sobre o trabalho que desenvolvemos com a língua e com as linguagens na escola. O grande desafio é inserir essas comunidades que fazem parte de uma família desestruturada e vivem a margem das possibilidades que a sociedade oferece. É mais fácil fazer o percurso escola-comunidade, do que esperar que a comunidade por si só tome consciência de seus problemas e passe a autogeri-los de forma eficiente.
O professor deve ensinar a língua de forma viva, incorporada nas práticas e usos dessa linguagem, levar o estudante a perceber as relações existentes entre as regras, que são bastante lógicas, e o uso constante dessas regras em práticas textuais constantes, em gêneros diversos. Se para ter sucesso no aprendizado adquirido na escola é necessário o domínio da língua portuguesa padrão, Só haverá melhora nos rendimentos no dia em passarmos a ensinar os usos da linguagem e daí estudarmos os fenômenos a ela inerentes, atitude contrária a do ensino da gramática pela gramática

domingo, 25 de maio de 2008

Texto, Linguagem e Interação

Esse foi mais um desafio, discutir com os cursistas as práticas de trabalho em sala de aula com o texto e a relação intrínseca da linguagem com a interação do sujeito com o mundo. Mediante essa questão precisamos nos portar de forma a criarmos um ambiente interativo entre o sujeto e o mundo, mediado pela comunição.

Desta forma, qual seria o real papel do professor de língua porguesa? Será que estamos instrumentalizando os nossos alunos para serem sujeitos? como trabalhar as linguagens em sala de aula de forma eficaz? Essas são perguntas que norteiam o curso, e juntos estamos descobrindo caminhos:

1 - Descobrimos o quanto é importante trabalhar a oralidade, apresentando aos alunos vários universos e várias possibilidades de uso do idioma, a importância de saber utilizar a língua em qualquer situação de fala.

2 - Trabalhar a escrita, mas não apenas com o enfoque no estudo da gramática descontextualizada, fato que requer uma reflexão: será que aprender regras e nomenclaturas é
sufuciente para que o aluno possa escrever com clareza, coerência, fluência necessária para um bom texto?

3 - Trabalhar com vários gêneros textuais, apresentando várias possiblidades de leitura, de escrita e de linguagens.

Para se atingir essas metas, os docentes precisam buscar novas estratégias de ação para integrarem em sua prática docente, visando um resultado positivo, que é a insersão do aluno no universo de letramento, que o conduz à autonomia de busca do seu conhecimento.

sábado, 24 de maio de 2008

A Importância do Letramento no Ensino de Língua Portuguesa

Como letramento é um termo relativamente novo e mais utilizado na Pedagogia, que em outras áreas do ensino, percebemos a necessidade de trazer para o curso a discussão dessa prática que deve ser constante. O primeiro texto postado neste blog serviu como um pontapé inicial para a reflexão de como ensinar a língua materna de forma eficaz.

O texto foi resultado de uma reflexão pessoal sobre a obra Letramento de Magda Soares, e no encontro ficou claro que devemos buscar mais informações sobre esse assunto, se quisermos obter maiores resultados em nossas aulas. Pois o aluno precisa ampliar seu universo de letramento, que às vezes é extremamente restrito quando de seu ingresso no Ensino Fundamental Anos finais.

A discussão começou a partir de uma reflexão sobre como utilizar um texto literário na sala de aula para ampliar o universo de leitura e usamos como exemplo o texto que já havia sido levado pra casa pelos cursistas, Celulares, só faltam dominar o mundo, de Antônio Brás Constante. Como há várias possibilidades de se explorar uma leitura, trabalhamos com a Técnica dos Três Olhares sobre o texto.

1° olhar: percebe-se o texto com a sua unidade lingüística e semântica, recorrendo-se a uma pergunta simples: o que diz o texto? Não abrindo espaço para extrapolações, esse é o momento de perceber o texto com sua unidade de significação, observando se existe coerência nas informações prestadas, qual o conteúdo mais básico, qual o tema, o assunto do texto, o gênero e o tipo a que pertence, se for narrativo, como era o caso, qual o enredo, quem são os persongens, qual o papel de cada um, se há discurso direito ou indireto, ou seja, o resumo da história sem inferencias, em suma, deve-se perceber a linha dorsal, o que está dito nas linhas do texto.

2° olhar: de posse das informações básicas do texto, vamos para um olhar mais aprofundado. Agora percebe-se as metáforas, as alegorias textuais. No caso de um texto informativo, observar elementos que agregam sentido, pois o olhar desloca-se de um primerio plano e passa a fixar-se numa questão mais ampla, que está nas entrelinhas do texto e a pergunta agora é: a que esta imagem se remete? Daí, vamos buscar os nossos conhecimentos e ampliá-los, fazendo uma pesquisa sobre os caminhos de leitura que o texto oferece.

3° olhar: Agora que extrapolamos a leitura das linhas textuais, é hora de expandir a visão de mundo que temos do texto. E a pergunta agora é: o que este texto tem a ver com a nossa vida e com o mundo que nos cerca? Ele se remete a uma coisa do passado ou se liga a coisas que acontecem no presente? Como ele se insere no contexto histórico e contemporâneo?

Não podemos perder de vista que a interpretação deve partir e voltar para o texto, pois existem marcos textuais, que dependendo do primeiro olhar, ficam muito nítidos, não permitindo uma viagem sem retorno ao ponto de partida, que é o texto. Podendo atingir outros assuntos ligados a essas marcas textuais, nesse momento percebemos o quanto o texto é interdisciplinar e o quanto acrescenta a nossos conhecimentos.

Essa reflexão nos levou a uma percepção da importância de se trabalhar o letramento em sala de aula, pois é necessário ampliar o nível de leitura de nosso aluno, a fim de oferecermos maior suporte para que ele possa estar inserido num universo de letramento crescente, de forma tal que se torne autônomo na busca de seu próprio conhecimento.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Enquanto isso na UnB

Ainda no mês de Fevereiro, bem no finalzinho, recebi um convite para participar do CFORM/UnB, achei interessante e aceitei na hora, afinal estava precisando de algo que alimentasse minha inquietude. Mas até então ignorava o novo problema do Distrito Federal: o TRÂNSITO.
Esse trânsito de Brasília está cada dia mais insuportável, os engarrafamentos estão muito além do esperado, já houve dias em que gastei mais de duas horas para chegar na UnB, mas como tudo que fiz na vida foi a custa de muito esforço e determinação, aqui estou, buscando forças a cada dia para vencer esse novo obstáculo.
Mas, deixando as dificuldades de lado, vamos ao que interessa, tivemos uma Aula Inaugural, onde descobrimos o Centro de Formação Continuada para Professores da UnB, o CFORM, centro pensado para trazer o professor de volta à Universidade, não como aluno num curso longo, extremamente teórico, mas para despertar no profissional da educação o interesse pela pesquisa, bem como debater questões contemporâneas nossas, a fim de mudar os rumos da educação.
O primeiro momento foi com uma Palestra da Professora Stela Maris Bortonni-Ricardo, apresentando o problema do Letramento e uma série de questões a serem enfrentadas no ensino de Língua Portuguesa, desde as séries iniciais até o Ensino Fundamental anos finais e Ensino Médio.
No segundo dia, o encontro foi com os tutores que conduziriam nossa turma de tutores, tivemos aulas riquíssimas e saímos de lá ansiosos pelos próximos encontros. Vimos como as variações seguem regras lógicas dentro do idioma e que os falantes não assassinam a língua, muito pelo contrário, a língua que se quer trabalhar na escola, da forma como se trabalha é que está morta, pronta para ser dissecada e observada como um corpo inerte, empalhado que deve ser observado da mesma forma com se observa um corpúsculo de um inseto na aula de laboratório.
Ao percebermos a vida que a língua tem na boca dos falantes, logo nos damos conta de que o nosso trabalho está deficiente, e mais, tivemos uma formação deficiente, e precisamos nos debruçarmos sobre esses fenômenos linguísticos com postura de pesquisadores, pois só assim encontraremos um caminho de transição entre as variantes de baixo prestígio e as variantes de alto prestígio social.
Essas discussão perpassou várias aulas, ao estudarmos o Fascículo 5 do Módulo II, o qual traz uma rica discussão de Marcos Bagno a respeito das variações da língua e da necessidade de se trabalhar de forma coerente e não preconceituosa a fim diminuir o estigma sobre o jovem que não tem acesso real à língua padrão.

O Primeiro Encontro com os cursistas

Estava ansiosa para conhecer minha turma de cursistas, afinal é bom discutir coisas importantes com pessoas que tem potencial para ir além. E foi essa a impressão que tive dos meus cursistas, pois demonstraram interesse em se tornarem, a cada dia, profissionais mais compromissados com a educação, apesar de todas as adversidades.

Esse primeiro encontro foi um momento de conhecimento dos cursistas. Após a leitura compartilhada da Moça Tecelã de Marina Colassanti, fizemos a Dinâmica dos Marcos Profissionais, que fuciona assim: cada um deveria fazer três nós em um barbante, colar no caderno e registrar quais foram os marcos mais significativos que contribuíram para que se tornasse o profissional que é hoje. Essa reflexão foi muito boa, e a partir daí tivemos uma boa noção do perfil do professor cursista e que expectativas estava trazendo para o curso. Percebemos também a importância de professores que marcaram positivamente a vida desses mestres, o que levou a uma reflexão da marca que podemos deixar na vida de nossos alunos.

Nesse dia houve explicação do curso, conversamos sobres as dúvidas, avaliação, frequência e todos as questões operacionais do curso, posteriormente distribuímos o texto: Celulares, só faltam dominar o mundo! de Antônio Brás Constante, um autor contemporâneo, não muito conhecido, mas que tem textos atuais e bastante ricos e polêmicos. Pedimos aos professores que pensassem para a próxima aula uma atividade incluindo o texto, a fim de iniciarmos nossa discussão sobre Letramento.

Antes tarde do que nunca....

Os afazeres da Regional estão a sobrecarregar-me e, por isso, ando tão atrasada na organização do meu blog. Espero que, de agora em diante, eu consiga um pouco mais de tempo para dedicar-me a essa prazerosa ocupação que é escrever.

Nunca tive paciência para fazer diários, confesso que quando adolescente, tentei por diversas vezes, mas não consegui desenvolver o hábito do registro diário, talvez por isso acabei criando o péssimo hábito dos textos inacabados, mas é uma prática que preciso exterminar da minha existência, afinal, como professora pesquisadora, a atitude de registrar diariamente minhas descobertas se torna imprescindível, pois os desvãos da memória acaba por lançar no imenso mar do esquecimento coisas importante para o crescimento pessoal.

Começarei com o registro do dia 28/03, esse dia foi inesquecível, pois acabei, junto com a Luzia, indo parar na UnB sem que tivéssemos aula programada para aquele dia. Imagina só o desespero: após enfrentar mais de hora de engarrafamento, chegar na sala e não encontrar ninguém! Nada havia que explicasse aquela ausência coletiva, foi quando resolvemos olhar o cronograma de atividades, Meu Deus, não haveria aula naquele dia.

Serviu para reflexão, pois se tivéssemos olhado no cronograma, não teríamos dado viagem perdia, que aliás não foi de todo perdida, pois encontramos o livro História de Leitores de Hilda Orquídea Hartman Lontra, excelente professora de literatura que participa de vários eventos, fóruns, palestras e atividades diversas sobre leitura e Literatura, quem não a conhece, apresse-se, pois está perdendo uma enorme oportunidade de ampliar os seus horizontes sobre o que é a arte de ler.

esse dia também serviu para fazer o planejamento da primeira aula, e junto com a Luzia, organizei o primeiro encontro com os cursistas, mas isso é uma outra história, um outro dia... que será relatado num outro texto...

terça-feira, 18 de março de 2008

Os desafios para o ensino da língua materna

Autora: Tamar Rabelo de Castro

As práticas pedagógicas, que norteiam o ensino da língua materna no Brasil, têm se tornado alvo de questionamentos em vários níveis: do ponto de vista do aluno que acredita que nunca será capaz de aprender a Língua Portuguesa, assim com maiúscula mesmo, indicando que é algo superior e inacessível; de outro lado os professores que se angustiam com o eterno problema de escrita e uso da língua padrão; por um terceiro lado, existem os gramaticistas determinando que é necessário ensinar o uso correto dos termos gramaticais; e ainda um quarto lado, os lingüistas com suas novas teorias, abordando a língua de uma forma variável e viva.
O maior problema é que o aluno é quem mais sofre com essa torre de babel teórica, e nós, professores, devemos levar em consideração que realmente existem inúmeras variantes da língua contribuindo para aumentar a dificuldade de apropriação da norma padrão da língua portuguesa. E é nesse momento que devemos levar em conta alguns fatores sociais importantes.
A sociedade globalizada e multimidiática tem exigido de seus cidadãos novas competências para a inserção social, pois está imersa em um mundo de signos, sendo necessário ler, decodificar e interpretar informações sígnicas cada vez mais complexas. Nessa etapa da evolução social e tecnológica, novas demandas surgem, novos níveis de capacitação são necessários para a verdadeira interação social.
Na esteira dessas novas demandas, surge a necessidade de se criar novas metodologias para o ensino de língua materna, tal necessidade não é privilégio de países subdesenvolvidos, pois países como os Estados Unidos e outros da Europa, vêm questionando as metas de educação em linguagem que se deve atingir.
Se fizermos uma retrospectiva histórica, lembrar-nos-emos de um tempo em que a grande massa da população mundial era analfabeta, apenas uma pequena parte da Aristocracia, e posteriormente da Burguesia era considerada letrada, pois era detentora do universo sígnico.
No entanto, a democratização do ensino trouxe uma nova demanda social, pois se todos têm acesso ao mundo das letras, há a possibilidade de se ampliar a rede de comunicações, consequentemente explorar novos usos da língua, tornando o processo comunicativo mais dinâmico e rico. Assim, a escola precisa cumprir o papel de inserir seus alunos no universo de letramento adequado às novas necessidades sociais.
O termo letramento foi criado na língua portuguesa a partir da década de 50, como uma derivação do vocábulo “letrado”, uma vez que as pessoas que tinham formação acadêmica eram consideradas letradas, enquanto as pessoas que não estavam inseridas no universo acadêmico/científico, eram consideradas iletradas, mesmo que possuíssem algum nível de alfabetização mais elementar.
Segundo Magda Soares (2006, p 32-34), “A palavra letramento ainda não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa”, pois somente “a partir dos anos 80, começamos a precisar dessa palavra”, isso em conseqüência do fato de que as novas práticas sociais exigem uma habilidade de leitura mais ampla do que aquela que é oferecida pelo simples processo de alfabetização.
Ao ser alfabetizado, o indivíduo se torna apto à decodificar os signos, mas isso não lhe garante o uso competente da leitura e da escrita. Nesse contexto, a palavra letramento assume um sentido mais amplo, daí a necessidade da distinção entre alfabetização e letramento. Vejamos a distinção feita por Soares (2006, p. 36-37):

Essas palavras são importantes para que se compreendam as diferenças entre analfabeto, alfabetizado e letrado; o pressuposto é que quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a leitura e a escrita, ao envolver-se em práticas de leitura e de escrita, torna-se uma pessoa diferente, adquire um outro estado, uma outra condição. Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar o seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente.

Dessa forma, há uma diferença significativa entre os vocábulos alfabetização e letramento, daí a utilização da definição encontrada na obra de Soares (2006, p. 47):

Alfabetização: ação de ensinar/aprender a ler e a escrever
Letramento: estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva* e exerce* as práticas sociais que usam a escrita.
*Cultiva = dedica-se a atividades de leitura e escrita
Exerce = responde às demandas sociais de leitura e escrita


Partindo dessa nova premissa, cabem alguns questionamentos, os quais nortearão o debate a respeito da prática de ensino da língua materna, cabendo ressaltar que não há receitas, nem fórmulas mágicas, mas uma discussão teórica que ancora um fazer pedagógico capaz de modificar a postura do falante em relação à sua língua.
· Quando se pode dizer que uma criança ou adulto estão alfabetizados? Quando se pode dizer que estão letrados?
· O que significa alfabetizar?
· O que significa letrar?
· Quais as diferenças entre alfabetizar e letrar?
· Como alfabetizar letrando?
· Quais as conseqüências de tudo isso para a escola?
· Quais são as condições para que o aprender a ler e a escrever seja algo que realmente tenha sentido, uso e função para as pessoas?
(questionamentos retiradas do Livro: Letramento de Magda Soares)

Referência:

SOARES, Magda. Letramento – um tema em três gêneros. 2ªed. Autêntica. Belo Horizonte, 2006