A evolução da organização social, desde o Renascimento até a Era Tecnológica, deve-se em muito ao desenvolvimento das técnicas de leitura e escrita. A partir do domínio da escrita, por partes mais significativas da sociedade, abriu-se caminho para a produção de novas formas de expor conhecimentos e informações.
Na medida em que as técnicas de leitura e escrita passaram a ter espaço de maior privilégio, as produções tornaram-se mais específicas e organizadas. Assim, os tipos textuais – descrição, narração, dissertação, injunção e exposição – são transpostos, paulatinamente, da oralidade para escrita.
Os discursos que se entrecruzam na oralidade assumem formas específicas quando aparecem transcritos, essas formas são denominadas gêneros. Estes se delineiam em estruturas minimamente fixadas, apesar de não serem estáveis do ponto de vista histórico. Desta forma, podemos nos deparar com um gênero escrito no século XVI apresentando uma formatação diferente da forma como se apresenta no século XXI. Podemos citar como exemplo as receitas, os contos, a poesia, o texto jornalístico, o artigo jornalístico que é diferente do artigo científico, entre tantas outras possibilidades.
Como tudo é discurso, há sempre a junção de tipos diversos em um mesmo gênero e, outras vezes, traços de vários gêneros em um mesmo texto, assim, não raro acontece a interação de gêneros e tipos, o que Marcuschi chama de intergenericidade.
A linguagem na ponta da língua, Tão fácil de falar e de entender A linguagem na superfície estrelada sabe lá o que ela quer dizer? Carlos Drummond
segunda-feira, 28 de julho de 2008
domingo, 8 de junho de 2008
Ensinar Língua Portuguesa ou Gramática?
Tamar Rabelo de Castro
“Confunde-se estudar língua com estudar gramática. Confunde-se expressão escrita com “fazer redação” (para o professor corrigir, e não para o aluno criar livremente, crescendo em linguagem à medida em que e na medida em que cria).” (LUFT, 2006, p.21)
A constatação de que o baixo rendimento está diretamente ligado à habilidade de leitura, escrita e interpretação dos alunos deve levar a questionamentos da prática do ensino de língua materna. Afinal, a grade curricular está repleta de horas aula para o ensino de língua materna desde o primeiro dia que a criança ingressa no universo escolar.
Se levarmos em conta apenas os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio, o aluno faz um curso de aproximadamente 2280h/a (duas mil duzentas e oitenta horas aulas) de Língua Portuguesa e não consegue desenvolver um texto com coesão e coerência.
Fenômeno que deve ser levado em conta na hora do demonstrativo dos rendimentos. É de notório conhecimento que a estrutura da escola está baseada na capacidade de leitura e produção de conhecimentos acumulados. Conhecimentos esses que passam necessariamente pela produção de textos escritos em língua padrão.
Produção que não é trabalhada em sala de aula como deveria ser. A preocupação com o ensino das normas gramaticais, que regem a língua padrão, leva a um ensino da língua baseado na nomenclatura e no uso descontextualizado dos elementos discursivos. Daí a dificuldade em perceber a língua como um todo, repleto de ligações semânticas e sintáticas.
Muito é ensinado e pouquíssimo desse conteúdo é utilizado de forma consciente na construção do discurso escrito. Urge apresentar aos alunos que a língua é dinâmica e possui uma interligação de todos os elementos estudados na escola.Partindo do pressuposto que muito é ensinado, o baixo rendimento seria uma questão a ser superada facilmente. No entanto, as estatísticas demonstram que a cada dia mais alunos saem do Ensino Fundamental e Médio sem o domínio mínimo necessário para utilizarem a linguagem escrita de forma eficiente.
Ao analisar a crônica Gigolô das Palavras no livro Língua & Liberdade, Pedro Celso Luft (2006) faz uma exposição da priorização do ensino de gramática sem uma relação íntima com a produção das idéias em discursos constantes, até porque esse ensino equivocado gera nos jovens o receio de utilizar a linguagem escrita nas suas comunicações.
Por que os professores em geral não capcitam melhor os alunos para a comunicação oral e escrita? Porque, em vez de fazê-los trabalhar INTENSAMENTE com a sua gramática interior, fazendo frases, compondo textos, lendo e escrevendo, pretentem impor-lhes Gramática, teorias e regras. Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo. (LUFT, 2006, p. 21)
Por que os professores em geral não capcitam melhor os alunos para a comunicação oral e escrita? Porque, em vez de fazê-los trabalhar INTENSAMENTE com a sua gramática interior, fazendo frases, compondo textos, lendo e escrevendo, pretentem impor-lhes Gramática, teorias e regras. Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo. (LUFT, 2006, p. 21)
Nesta obra ele afirma que escrever bem tem muito mais a ver com uma gramática internalizada do que com uma gramática artificial, cheia de exceções e regras que contemplam arcaísmo e purismos que nada tem a ver com a gramática utilizada pelo brasileiro. Daí, percebemos que muitos usos seriam normativamente errôneos, mas são utilizados com freqüência na língua de forma que já estão incorporados na gramática interna dos falantes.
"Se a gente fala (ou escreve) para comunicar algo, o que conta é fazê-lo da forma mais clara possível. Às vezes precisa sacrificar uma correão preconceituosa em benefício da clareza. Isso explica por que o brasileira fala vi ele e lhe vi em lugar do vi-o(cp. viu) ou o vi (cp. ouvi); vi ela em viz de vi-a (cp.via)." (LUFT, 2006,p. 17)
Quando a escola é interpelada a respeito do baixo rendimento, alguns problemas são elencados como justificativa: a desestrutura familiar; falta de interesse pelos estudos; alunos semi-alfabetizados em séries mais avançadas; indisciplina; falta do hábito de leitura, entre outros.
Mas o que estamos fazendo em nossas salas de aula para superarmos esses problemas? Se voltarmos a pensar no tempo em que nossos alunos passam nas aulas de língua portuguesa, poderemos inferir que eles passam mais tempo sob nossa influência direta do que da própria família que já anda desestruturada e sem percepção dos valores que devem ser privilegiados nesse início de século.
Nossa sociedade não é mais patriarcal e não se acomodou ainda no novo modelo que está se criando. Vivemos uma crise de valores que perpassa os vários seguimentos sociais, inclusive a família e a escola. Assim, o modelo antigo já não é mais aceitável, pois não produz mais resultados. A escola hoje não é mais a escola dos alunos de família organizada, com características definidas, a pós-modernidade deu um novo colorido a esta entidade que é feita por seus integrantes, que carregam a insígnia da diversidade e da flexibilidade dos conceitos.
Não há como pensar a escola com os mesmos métodos e estratégias de tempos atrás. A nova estrutura social exige uma escola que assuma a existência das questões sociais como um problema a ser enfrentado de frente e não como uma justificativa para o insucesso. A nova escola deve incluir uma parcela da sociedade que sobrevive à desestruturação e por isso não está inserida.
Aliado a isso não há na nossa sociedade um hábito de leitura, nossos alunos de periferia estão alijados de vários processos de letramento constante, por esse motivo há uma dificuldade de se entender que aquelas estruturas estudadas de forma descontextualizadas devem ser inseridas por ele em um contexto.
Toda essa digressão tem a finalidade de refletir sobre o trabalho que desenvolvemos com a língua e com as linguagens na escola. O grande desafio é inserir essas comunidades que fazem parte de uma família desestruturada e vivem a margem das possibilidades que a sociedade oferece. É mais fácil fazer o percurso escola-comunidade, do que esperar que a comunidade por si só tome consciência de seus problemas e passe a autogeri-los de forma eficiente.
O professor deve ensinar a língua de forma viva, incorporada nas práticas e usos dessa linguagem, levar o estudante a perceber as relações existentes entre as regras, que são bastante lógicas, e o uso constante dessas regras em práticas textuais constantes, em gêneros diversos. Se para ter sucesso no aprendizado adquirido na escola é necessário o domínio da língua portuguesa padrão, Só haverá melhora nos rendimentos no dia em passarmos a ensinar os usos da linguagem e daí estudarmos os fenômenos a ela inerentes, atitude contrária a do ensino da gramática pela gramática
domingo, 25 de maio de 2008
Texto, Linguagem e Interação
Esse foi mais um desafio, discutir com os cursistas as práticas de trabalho em sala de aula com o texto e a relação intrínseca da linguagem com a interação do sujeito com o mundo. Mediante essa questão precisamos nos portar de forma a criarmos um ambiente interativo entre o sujeto e o mundo, mediado pela comunição.
Desta forma, qual seria o real papel do professor de língua porguesa? Será que estamos instrumentalizando os nossos alunos para serem sujeitos? como trabalhar as linguagens em sala de aula de forma eficaz? Essas são perguntas que norteiam o curso, e juntos estamos descobrindo caminhos:
1 - Descobrimos o quanto é importante trabalhar a oralidade, apresentando aos alunos vários universos e várias possibilidades de uso do idioma, a importância de saber utilizar a língua em qualquer situação de fala.
2 - Trabalhar a escrita, mas não apenas com o enfoque no estudo da gramática descontextualizada, fato que requer uma reflexão: será que aprender regras e nomenclaturas é
sufuciente para que o aluno possa escrever com clareza, coerência, fluência necessária para um bom texto?
3 - Trabalhar com vários gêneros textuais, apresentando várias possiblidades de leitura, de escrita e de linguagens.
Para se atingir essas metas, os docentes precisam buscar novas estratégias de ação para integrarem em sua prática docente, visando um resultado positivo, que é a insersão do aluno no universo de letramento, que o conduz à autonomia de busca do seu conhecimento.
Desta forma, qual seria o real papel do professor de língua porguesa? Será que estamos instrumentalizando os nossos alunos para serem sujeitos? como trabalhar as linguagens em sala de aula de forma eficaz? Essas são perguntas que norteiam o curso, e juntos estamos descobrindo caminhos:
1 - Descobrimos o quanto é importante trabalhar a oralidade, apresentando aos alunos vários universos e várias possibilidades de uso do idioma, a importância de saber utilizar a língua em qualquer situação de fala.
2 - Trabalhar a escrita, mas não apenas com o enfoque no estudo da gramática descontextualizada, fato que requer uma reflexão: será que aprender regras e nomenclaturas é
sufuciente para que o aluno possa escrever com clareza, coerência, fluência necessária para um bom texto?
3 - Trabalhar com vários gêneros textuais, apresentando várias possiblidades de leitura, de escrita e de linguagens.
Para se atingir essas metas, os docentes precisam buscar novas estratégias de ação para integrarem em sua prática docente, visando um resultado positivo, que é a insersão do aluno no universo de letramento, que o conduz à autonomia de busca do seu conhecimento.
sábado, 24 de maio de 2008
A Importância do Letramento no Ensino de Língua Portuguesa
Como letramento é um termo relativamente novo e mais utilizado na Pedagogia, que em outras áreas do ensino, percebemos a necessidade de trazer para o curso a discussão dessa prática que deve ser constante. O primeiro texto postado neste blog serviu como um pontapé inicial para a reflexão de como ensinar a língua materna de forma eficaz.
O texto foi resultado de uma reflexão pessoal sobre a obra Letramento de Magda Soares, e no encontro ficou claro que devemos buscar mais informações sobre esse assunto, se quisermos obter maiores resultados em nossas aulas. Pois o aluno precisa ampliar seu universo de letramento, que às vezes é extremamente restrito quando de seu ingresso no Ensino Fundamental Anos finais.
A discussão começou a partir de uma reflexão sobre como utilizar um texto literário na sala de aula para ampliar o universo de leitura e usamos como exemplo o texto que já havia sido levado pra casa pelos cursistas, Celulares, só faltam dominar o mundo, de Antônio Brás Constante. Como há várias possibilidades de se explorar uma leitura, trabalhamos com a Técnica dos Três Olhares sobre o texto.
1° olhar: percebe-se o texto com a sua unidade lingüística e semântica, recorrendo-se a uma pergunta simples: o que diz o texto? Não abrindo espaço para extrapolações, esse é o momento de perceber o texto com sua unidade de significação, observando se existe coerência nas informações prestadas, qual o conteúdo mais básico, qual o tema, o assunto do texto, o gênero e o tipo a que pertence, se for narrativo, como era o caso, qual o enredo, quem são os persongens, qual o papel de cada um, se há discurso direito ou indireto, ou seja, o resumo da história sem inferencias, em suma, deve-se perceber a linha dorsal, o que está dito nas linhas do texto.
2° olhar: de posse das informações básicas do texto, vamos para um olhar mais aprofundado. Agora percebe-se as metáforas, as alegorias textuais. No caso de um texto informativo, observar elementos que agregam sentido, pois o olhar desloca-se de um primerio plano e passa a fixar-se numa questão mais ampla, que está nas entrelinhas do texto e a pergunta agora é: a que esta imagem se remete? Daí, vamos buscar os nossos conhecimentos e ampliá-los, fazendo uma pesquisa sobre os caminhos de leitura que o texto oferece.
3° olhar: Agora que extrapolamos a leitura das linhas textuais, é hora de expandir a visão de mundo que temos do texto. E a pergunta agora é: o que este texto tem a ver com a nossa vida e com o mundo que nos cerca? Ele se remete a uma coisa do passado ou se liga a coisas que acontecem no presente? Como ele se insere no contexto histórico e contemporâneo?
Não podemos perder de vista que a interpretação deve partir e voltar para o texto, pois existem marcos textuais, que dependendo do primeiro olhar, ficam muito nítidos, não permitindo uma viagem sem retorno ao ponto de partida, que é o texto. Podendo atingir outros assuntos ligados a essas marcas textuais, nesse momento percebemos o quanto o texto é interdisciplinar e o quanto acrescenta a nossos conhecimentos.
Essa reflexão nos levou a uma percepção da importância de se trabalhar o letramento em sala de aula, pois é necessário ampliar o nível de leitura de nosso aluno, a fim de oferecermos maior suporte para que ele possa estar inserido num universo de letramento crescente, de forma tal que se torne autônomo na busca de seu próprio conhecimento.
O texto foi resultado de uma reflexão pessoal sobre a obra Letramento de Magda Soares, e no encontro ficou claro que devemos buscar mais informações sobre esse assunto, se quisermos obter maiores resultados em nossas aulas. Pois o aluno precisa ampliar seu universo de letramento, que às vezes é extremamente restrito quando de seu ingresso no Ensino Fundamental Anos finais.
A discussão começou a partir de uma reflexão sobre como utilizar um texto literário na sala de aula para ampliar o universo de leitura e usamos como exemplo o texto que já havia sido levado pra casa pelos cursistas, Celulares, só faltam dominar o mundo, de Antônio Brás Constante. Como há várias possibilidades de se explorar uma leitura, trabalhamos com a Técnica dos Três Olhares sobre o texto.
1° olhar: percebe-se o texto com a sua unidade lingüística e semântica, recorrendo-se a uma pergunta simples: o que diz o texto? Não abrindo espaço para extrapolações, esse é o momento de perceber o texto com sua unidade de significação, observando se existe coerência nas informações prestadas, qual o conteúdo mais básico, qual o tema, o assunto do texto, o gênero e o tipo a que pertence, se for narrativo, como era o caso, qual o enredo, quem são os persongens, qual o papel de cada um, se há discurso direito ou indireto, ou seja, o resumo da história sem inferencias, em suma, deve-se perceber a linha dorsal, o que está dito nas linhas do texto.
2° olhar: de posse das informações básicas do texto, vamos para um olhar mais aprofundado. Agora percebe-se as metáforas, as alegorias textuais. No caso de um texto informativo, observar elementos que agregam sentido, pois o olhar desloca-se de um primerio plano e passa a fixar-se numa questão mais ampla, que está nas entrelinhas do texto e a pergunta agora é: a que esta imagem se remete? Daí, vamos buscar os nossos conhecimentos e ampliá-los, fazendo uma pesquisa sobre os caminhos de leitura que o texto oferece.
3° olhar: Agora que extrapolamos a leitura das linhas textuais, é hora de expandir a visão de mundo que temos do texto. E a pergunta agora é: o que este texto tem a ver com a nossa vida e com o mundo que nos cerca? Ele se remete a uma coisa do passado ou se liga a coisas que acontecem no presente? Como ele se insere no contexto histórico e contemporâneo?
Não podemos perder de vista que a interpretação deve partir e voltar para o texto, pois existem marcos textuais, que dependendo do primeiro olhar, ficam muito nítidos, não permitindo uma viagem sem retorno ao ponto de partida, que é o texto. Podendo atingir outros assuntos ligados a essas marcas textuais, nesse momento percebemos o quanto o texto é interdisciplinar e o quanto acrescenta a nossos conhecimentos.
Essa reflexão nos levou a uma percepção da importância de se trabalhar o letramento em sala de aula, pois é necessário ampliar o nível de leitura de nosso aluno, a fim de oferecermos maior suporte para que ele possa estar inserido num universo de letramento crescente, de forma tal que se torne autônomo na busca de seu próprio conhecimento.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Enquanto isso na UnB
Ainda no mês de Fevereiro, bem no finalzinho, recebi um convite para participar do CFORM/UnB, achei interessante e aceitei na hora, afinal estava precisando de algo que alimentasse minha inquietude. Mas até então ignorava o novo problema do Distrito Federal: o TRÂNSITO.
Esse trânsito de Brasília está cada dia mais insuportável, os engarrafamentos estão muito além do esperado, já houve dias em que gastei mais de duas horas para chegar na UnB, mas como tudo que fiz na vida foi a custa de muito esforço e determinação, aqui estou, buscando forças a cada dia para vencer esse novo obstáculo.
Mas, deixando as dificuldades de lado, vamos ao que interessa, tivemos uma Aula Inaugural, onde descobrimos o Centro de Formação Continuada para Professores da UnB, o CFORM, centro pensado para trazer o professor de volta à Universidade, não como aluno num curso longo, extremamente teórico, mas para despertar no profissional da educação o interesse pela pesquisa, bem como debater questões contemporâneas nossas, a fim de mudar os rumos da educação.
O primeiro momento foi com uma Palestra da Professora Stela Maris Bortonni-Ricardo, apresentando o problema do Letramento e uma série de questões a serem enfrentadas no ensino de Língua Portuguesa, desde as séries iniciais até o Ensino Fundamental anos finais e Ensino Médio.
No segundo dia, o encontro foi com os tutores que conduziriam nossa turma de tutores, tivemos aulas riquíssimas e saímos de lá ansiosos pelos próximos encontros. Vimos como as variações seguem regras lógicas dentro do idioma e que os falantes não assassinam a língua, muito pelo contrário, a língua que se quer trabalhar na escola, da forma como se trabalha é que está morta, pronta para ser dissecada e observada como um corpo inerte, empalhado que deve ser observado da mesma forma com se observa um corpúsculo de um inseto na aula de laboratório.
Ao percebermos a vida que a língua tem na boca dos falantes, logo nos damos conta de que o nosso trabalho está deficiente, e mais, tivemos uma formação deficiente, e precisamos nos debruçarmos sobre esses fenômenos linguísticos com postura de pesquisadores, pois só assim encontraremos um caminho de transição entre as variantes de baixo prestígio e as variantes de alto prestígio social.
Essas discussão perpassou várias aulas, ao estudarmos o Fascículo 5 do Módulo II, o qual traz uma rica discussão de Marcos Bagno a respeito das variações da língua e da necessidade de se trabalhar de forma coerente e não preconceituosa a fim diminuir o estigma sobre o jovem que não tem acesso real à língua padrão.
Esse trânsito de Brasília está cada dia mais insuportável, os engarrafamentos estão muito além do esperado, já houve dias em que gastei mais de duas horas para chegar na UnB, mas como tudo que fiz na vida foi a custa de muito esforço e determinação, aqui estou, buscando forças a cada dia para vencer esse novo obstáculo.
Mas, deixando as dificuldades de lado, vamos ao que interessa, tivemos uma Aula Inaugural, onde descobrimos o Centro de Formação Continuada para Professores da UnB, o CFORM, centro pensado para trazer o professor de volta à Universidade, não como aluno num curso longo, extremamente teórico, mas para despertar no profissional da educação o interesse pela pesquisa, bem como debater questões contemporâneas nossas, a fim de mudar os rumos da educação.
O primeiro momento foi com uma Palestra da Professora Stela Maris Bortonni-Ricardo, apresentando o problema do Letramento e uma série de questões a serem enfrentadas no ensino de Língua Portuguesa, desde as séries iniciais até o Ensino Fundamental anos finais e Ensino Médio.
No segundo dia, o encontro foi com os tutores que conduziriam nossa turma de tutores, tivemos aulas riquíssimas e saímos de lá ansiosos pelos próximos encontros. Vimos como as variações seguem regras lógicas dentro do idioma e que os falantes não assassinam a língua, muito pelo contrário, a língua que se quer trabalhar na escola, da forma como se trabalha é que está morta, pronta para ser dissecada e observada como um corpo inerte, empalhado que deve ser observado da mesma forma com se observa um corpúsculo de um inseto na aula de laboratório.
Ao percebermos a vida que a língua tem na boca dos falantes, logo nos damos conta de que o nosso trabalho está deficiente, e mais, tivemos uma formação deficiente, e precisamos nos debruçarmos sobre esses fenômenos linguísticos com postura de pesquisadores, pois só assim encontraremos um caminho de transição entre as variantes de baixo prestígio e as variantes de alto prestígio social.
Essas discussão perpassou várias aulas, ao estudarmos o Fascículo 5 do Módulo II, o qual traz uma rica discussão de Marcos Bagno a respeito das variações da língua e da necessidade de se trabalhar de forma coerente e não preconceituosa a fim diminuir o estigma sobre o jovem que não tem acesso real à língua padrão.
O Primeiro Encontro com os cursistas
Estava ansiosa para conhecer minha turma de cursistas, afinal é bom discutir coisas importantes com pessoas que tem potencial para ir além. E foi essa a impressão que tive dos meus cursistas, pois demonstraram interesse em se tornarem, a cada dia, profissionais mais compromissados com a educação, apesar de todas as adversidades.
Esse primeiro encontro foi um momento de conhecimento dos cursistas. Após a leitura compartilhada da Moça Tecelã de Marina Colassanti, fizemos a Dinâmica dos Marcos Profissionais, que fuciona assim: cada um deveria fazer três nós em um barbante, colar no caderno e registrar quais foram os marcos mais significativos que contribuíram para que se tornasse o profissional que é hoje. Essa reflexão foi muito boa, e a partir daí tivemos uma boa noção do perfil do professor cursista e que expectativas estava trazendo para o curso. Percebemos também a importância de professores que marcaram positivamente a vida desses mestres, o que levou a uma reflexão da marca que podemos deixar na vida de nossos alunos.
Nesse dia houve explicação do curso, conversamos sobres as dúvidas, avaliação, frequência e todos as questões operacionais do curso, posteriormente distribuímos o texto: Celulares, só faltam dominar o mundo! de Antônio Brás Constante, um autor contemporâneo, não muito conhecido, mas que tem textos atuais e bastante ricos e polêmicos. Pedimos aos professores que pensassem para a próxima aula uma atividade incluindo o texto, a fim de iniciarmos nossa discussão sobre Letramento.
Esse primeiro encontro foi um momento de conhecimento dos cursistas. Após a leitura compartilhada da Moça Tecelã de Marina Colassanti, fizemos a Dinâmica dos Marcos Profissionais, que fuciona assim: cada um deveria fazer três nós em um barbante, colar no caderno e registrar quais foram os marcos mais significativos que contribuíram para que se tornasse o profissional que é hoje. Essa reflexão foi muito boa, e a partir daí tivemos uma boa noção do perfil do professor cursista e que expectativas estava trazendo para o curso. Percebemos também a importância de professores que marcaram positivamente a vida desses mestres, o que levou a uma reflexão da marca que podemos deixar na vida de nossos alunos.
Nesse dia houve explicação do curso, conversamos sobres as dúvidas, avaliação, frequência e todos as questões operacionais do curso, posteriormente distribuímos o texto: Celulares, só faltam dominar o mundo! de Antônio Brás Constante, um autor contemporâneo, não muito conhecido, mas que tem textos atuais e bastante ricos e polêmicos. Pedimos aos professores que pensassem para a próxima aula uma atividade incluindo o texto, a fim de iniciarmos nossa discussão sobre Letramento.
Antes tarde do que nunca....
Os afazeres da Regional estão a sobrecarregar-me e, por isso, ando tão atrasada na organização do meu blog. Espero que, de agora em diante, eu consiga um pouco mais de tempo para dedicar-me a essa prazerosa ocupação que é escrever.
Nunca tive paciência para fazer diários, confesso que quando adolescente, tentei por diversas vezes, mas não consegui desenvolver o hábito do registro diário, talvez por isso acabei criando o péssimo hábito dos textos inacabados, mas é uma prática que preciso exterminar da minha existência, afinal, como professora pesquisadora, a atitude de registrar diariamente minhas descobertas se torna imprescindível, pois os desvãos da memória acaba por lançar no imenso mar do esquecimento coisas importante para o crescimento pessoal.
Começarei com o registro do dia 28/03, esse dia foi inesquecível, pois acabei, junto com a Luzia, indo parar na UnB sem que tivéssemos aula programada para aquele dia. Imagina só o desespero: após enfrentar mais de hora de engarrafamento, chegar na sala e não encontrar ninguém! Nada havia que explicasse aquela ausência coletiva, foi quando resolvemos olhar o cronograma de atividades, Meu Deus, não haveria aula naquele dia.
Serviu para reflexão, pois se tivéssemos olhado no cronograma, não teríamos dado viagem perdia, que aliás não foi de todo perdida, pois encontramos o livro História de Leitores de Hilda Orquídea Hartman Lontra, excelente professora de literatura que participa de vários eventos, fóruns, palestras e atividades diversas sobre leitura e Literatura, quem não a conhece, apresse-se, pois está perdendo uma enorme oportunidade de ampliar os seus horizontes sobre o que é a arte de ler.
esse dia também serviu para fazer o planejamento da primeira aula, e junto com a Luzia, organizei o primeiro encontro com os cursistas, mas isso é uma outra história, um outro dia... que será relatado num outro texto...
Nunca tive paciência para fazer diários, confesso que quando adolescente, tentei por diversas vezes, mas não consegui desenvolver o hábito do registro diário, talvez por isso acabei criando o péssimo hábito dos textos inacabados, mas é uma prática que preciso exterminar da minha existência, afinal, como professora pesquisadora, a atitude de registrar diariamente minhas descobertas se torna imprescindível, pois os desvãos da memória acaba por lançar no imenso mar do esquecimento coisas importante para o crescimento pessoal.
Começarei com o registro do dia 28/03, esse dia foi inesquecível, pois acabei, junto com a Luzia, indo parar na UnB sem que tivéssemos aula programada para aquele dia. Imagina só o desespero: após enfrentar mais de hora de engarrafamento, chegar na sala e não encontrar ninguém! Nada havia que explicasse aquela ausência coletiva, foi quando resolvemos olhar o cronograma de atividades, Meu Deus, não haveria aula naquele dia.
Serviu para reflexão, pois se tivéssemos olhado no cronograma, não teríamos dado viagem perdia, que aliás não foi de todo perdida, pois encontramos o livro História de Leitores de Hilda Orquídea Hartman Lontra, excelente professora de literatura que participa de vários eventos, fóruns, palestras e atividades diversas sobre leitura e Literatura, quem não a conhece, apresse-se, pois está perdendo uma enorme oportunidade de ampliar os seus horizontes sobre o que é a arte de ler.
esse dia também serviu para fazer o planejamento da primeira aula, e junto com a Luzia, organizei o primeiro encontro com os cursistas, mas isso é uma outra história, um outro dia... que será relatado num outro texto...
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